Para começar, gosto das mulheres. Acho que elas são mais fortes, mais sensíveis e que têm mais bom senso que os homens. Nem todas as mulheres do mundo são assim, mas digamos que é mais fácil encontrar qualidades humanas nelas do que no género masculino. Todos os poderes políticos, económicos, militares são assunto de homens. Durante séculos, a mulher teve de pedir autorização ao seu marido ou ao seu pai para fazer fosse o que fosse. Como é que pudemos viver assim tanto tempo condenando metade da humanidade à subordinação e à humilhação?
"Que é, ou quem é Portugal? Uma Cultura? Uma História? Um Adormecido Inquieto?" [...] "Da História de Portugal sempre nos dá vontade de perguntar: porquê? Da cultura portuguesa: para quê? De Portugal, ele próprio: para quando? ou: até quando?"
Saramago, José (1998). Cadernos de Lanzarote. Lisboa, Círculo de Leitores, vol. III e IV, p. 49.
"Bom, o tema forte [da minha obra] será Portugal, uma vez que dele falo e falo sempre com uma espécie de dor. Coisa que também não é inédita na relação entre os escritores portugueses e a nossa terra, traduzindo uma espécie de desespero por não podermos ou não querermos sair desta espécie de mesquinhez que nos caracteriza em parte [...]."
Reis, Carlos (1998). Diálogos com Saramago. Lisboa: Caminho, p. 145
"Quem tenha lido com alguma atenção os meus livros sabe que, para além das histórias que eles vão contando, o que ali há é um contínuo trabalho sobre os materiais da memória, ou, para dizê-lo com mais precisão, sobre a memória que vou tendo daquilo que, no passado, já foi memória sucessivamente acrescentada e reorganizada, à procura de uma coerência própria em cada momento seu e meu. Talvez essa desejada coerência só comece a desejar um sentimento quando nos aproximamos do fim da vida e a memória se nos apresenta como um continente a redescobrir."
Saramago, José (1998). Cadernos de Lanzarote. Lisboa: Círculo de Leitores, vol. III, pp. 18-19
“Como passei das crónicas ao romance? Não sei. Agora, mudança? Eu acho que não... Eu acho que me encontrei num certo momento da vida e provavelmente encontrei-me no Levantado do Chão, que é um livro que foi escrito daquela maneira pelo facto de eu ter estado no Alentejo e de ter ouvido contar histórias. Estive no Alentejo em 1976 e saí de lá com o livro todo arrumado na cabeça. O livro foi escrito três anos depois, sendo certo que escrevi o Manual de Pintura e Caligrafiae Objecto Quase provavelmente (há algum exagero nisto, mas apetece-me dizê-lo) porque não sabia como havia de escrever o Levantado do Chão. E a prova de que eu não sabia como havia de escrever o Levantado do Chão encontra-se talvez no meio dos papéis que tenho para aí, onde é possível ver o momento em que ele nasceu.
Acabei por me decidir a escrever o livro, sabia o que queria contar, mas aquilo não me agradava, havia uma resistência em escrever o livro; mas comecei a escrevê-lo, fui até à página vinte e tal e de repente, sem reflectir, sem pensar, sem planear, sem ter posto de um lado os prós e do outro lado os contras, achei-me a escrever como hoje escrevo."
Reis, Carlos (1998). Diálogos com Saramago. Lisboa: Caminho, p. 28
Partindo da análise, em contexto de aula, de um artigo da Visão sobre o pensamento de António Damásio e a oposição ao Racionalismo cartesiano e do visionamento do filme Ensaio sobre a Cegueira, os alunos do 11º C realizaram um criativo exercício intertextual, que partilhamos.
Exploração pedagógica do filme Ensaio sobre a cegueira, baseado na obra homónima de José Saramago
Proposta C - "Sinto logo existo: fotografia de emoções": ilustração,através de expressões faciais, de diversas emoções e estados de espíritos associados à obra "Ensaio sobre a Cegueira": tristeza, a loucura/medo, o nervosismo, a felicidade e o amor."
Alunas do 11º H (Joana, Leonor, Mónica, Beatriz e Sofia)
Tarefa:
Após o visionamento do filme, foram apresentadas aos alunos do 11º ano (turmas B, C, D e H) algumas propostas de exploração do filme. A saber:
Ontem, teve lugar na escadaria da nossa Escola uma cerimónia simbólica da abertura da celebração do ano do centenário do nascimento de José Saramago.
Às 8:15, hora do início das aulas do turno da manhã, e às 13:20, hora do início das aulas do turno da tarde, foram lidas nas turmas crónicas de A Bagagem do Viajante (ABV) e de Deste Mundo e do Outro (DMDO), selecionadas pela Biblioteca Escolar para cada um dos anos de escolaridade:
"Carta para Josefa, minha avó" (DMDO) - 7º ano
"O meu avô, também" (DMDO) - 8º ano
"As palavras (DMDO)" - 9º ano
"O lagarto" (ABV) - 10º ano, 1A, 2A e 3A
"Moby Dick em Lisboa" (ABV) - 11º ano
"Hip, hip, hippies!" (DMDO) - 12º ano
Às 9:30 foi feito o desenho humano do S de Saramago, pelos alunos das turmas de 7º ano.
Seguiu-se o discurso de abertura pela Sra. Diretora da Escola, Dra Helena Correia, e a colocação da faixa do centenário na fachada principal da Escola, ao som de "O homem do Leme", dos Xutos & Pontapés, na voz de Beatriz Lema (do 12º ano), acompanhada à viola por Ricardo Pavão (do 11º ano). O apontamento musical prosseguiu com o som da guitarra de Diogo Batista, do 7º A.
O apontamento de leitura não podia faltar, naturalmente. Tiago Botelho, do 11º ano, leu um extrato do discurso proferido por José Saramago, aquando da entrega do Prémio Nobel, e o professor Carlos Santelmo leu a passagem final do romance Ensaio sobre a Cegueira.
A terminar a esta breve cerimónia, houve mais um apontamento musical com a Beatriz e o Ricardo.
O Senhor Vereador da Educação, Dr. Alexandre Favaios, e a Senhora Vereadora da Cultura, Mara Minhava, estiveram presentes, bem como Anabela Mota Ribeiro, ex-aluna da Camilo.
Neste dia de celebração, foram colocadas, em diferentes espaços da Escola, as epígrafes usadas por Saramago como Pórticos das suas obras (tomadas de empréstino ou criadas pelo próprio escritor, à maneira de Borges) e os QR-Codes relativos ao Quizz/Concurso (Des)Codificar Saramago - as questões e o google forms foram elaborados pelos alunos do 7º B.
No átrio, foi montada a exposição de cartazes "Saramago aos nossos olhos", elaborados pelos alunos do 7º C, e passado um conjunto de vídeos sobre Saramago, o homem e a obra.
De sublinhar, a participação ativa da Associação de Estudantes da Camilo que, para além da colocação dos balões na fachada da escola, colaborou com a equipa da organização do evento na gestão racional do espaço e na manutenção das condições adequadas à receção dos textos (verbais e musicais).
No ano da celebração do Centenário Saramago, a Biblioteca Escolar, em articulação com o Grupo Disciplinar de Português, escolheu obras do nosso Prémio Nobel da Literatura para a prova de seleção, a nível de escola, do Concurso Nacional de Leitura 2021-2022:
O conto da ilha desconhecida, para o 7º ano;
As pequenas memórias, para o 8º e o 9º anos;
Ensaio sobre a cegueira, para o 10º, 11º e 12º anos.